‘Festival Recife do Teatro Nacional amplia programação gratuita com 16 espetáculos e debates na segunda semana’

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Edição celebra a força criativa das mulheres nas artes cênicas e reúne montagens inéditas, atrações nacionais e atividades formativas em diferentes espaços da cidade


O 24º Festival Recife do Teatro Nacional entra em sua segunda semana oferecendo 16 novos espetáculos, além de debates, leituras cênicas e intervenções performáticas totalmente gratuitas até domingo (30). Promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, o evento reforça seu compromisso com a democratização do acesso às artes cênicas, reunindo produções pernambucanas e nacionais inéditas na capital. Os ingressos são distribuídos nas bilheterias dos teatros uma hora antes das apresentações, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível.

Após quatro dias marcados por grande público e apresentações vibrantes — que resultaram em mais de duas toneladas de alimentos arrecadados —, o festival avança com uma programação intensa que combina fruição artística, formação e reflexão sobre os rumos do teatro contemporâneo. A segunda semana mantém o propósito da edição: celebrar a presença e o protagonismo das mulheres criadoras, sejam elas diretoras, atrizes, dramaturgas, pesquisadoras ou artistas que renovam as narrativas e perspectivas nas cenas brasileiras.

Programação diversa para todos os públicos

Entre os destaques da semana estão montagens inéditas no Recife, como Mary Stuart (SP), protagonizada por Virginia Cavendish; Zona Lésbica (RJ); Das que Ousaram Desobedecer (CE); Tem Bastante Espaço Aqui (RJ); e o solo Ella (AM), que marca a retomada da presença da região Norte no festival. Para o público infantil, a programação traz ainda A Mulher Bala (SP) e A Menina dos Olhos D’Água (RS), unindo teatro documental, palhaçaria e narrativas sensíveis sobre pertencimento, família e superação.

Uma das homenageadas desta edição, Augusta Ferraz, também estreia o espetáculo Sobre os Ombros de Bárbara, que mergulha na história de Bárbara Alencar, considerada a primeira presa política do Brasil e figura central da Revolução Pernambucana. A peça terá sessões no Teatro de Santa Isabel no sábado (29) e domingo (30).

OFFRec intensifica debates e intercâmbio artístico

A mostra OFFRec, dedicada ao encontro de artistas, pesquisadores e público, abre a semana com o solo autobiográfico Mi Madre, de Jhanaina Gomes. O OFFRec traz ainda debates sobre feminismo, dramaturgia e presença feminina nas artes cênicas, além de leituras cênicas, lançamentos de livros e intervenções performáticas.

Entre as produções locais que se destacam estão HBLynda em Trânsito, que aborda experiências de uma pessoa gorda, preta, candomblecista e não binária; Avós, celebração da ancestralidade feminina interpretada por Olga Ferrario; Ensaio do Agora, que discute memória e narrativas de mulheres; e Àwọn Irúgbin, espetáculo afro-indígena que reafirma o protagonismo de jovens negros e indígenas.

A programação abrange ainda a intervenção Silêncio, com Célia Regina, e o espetáculo Shá da Meia Noite, com Sharlene Esse, referência do teatro pernambucano.

Estreias nacionais e temas contemporâneos

O público também poderá conferir importantes montagens de fora do estado. Entre elas, Mary Stuart, que revisitirá os últimos momentos da rainha escocesa em uma narrativa marcada por conspirações, traições e disputas de poder — temas que dialogam com o cenário político contemporâneo. A peça paulista se apresenta no Teatro do Parque nos dias 28 e 29.

Das que Ousaram Desobedecer, do Ceará, traz à cena a resistência de mulheres que enfrentaram a ditadura nos anos 1960 e 1970. A montagem será apresentada no Teatro Hermilo Borba Filho no dia 29.

O sábado (29) também será marcado por uma tarde dedicada às crianças, com três montagens simultâneas às 16h: A Mulher Bala (SP), no Parque da Tamarineira; Tem Bastante Espaço Aqui (RJ), no Teatro Apolo; e A Menina dos Olhos D’Água (RS), no Teatro Marco Camarotti. Os espetáculos abordam temas como afeto, convivência, exílio e resiliência.

Encerramento com protagonismo feminino e diversidade

No domingo (30), o festival se despede com mais uma rodada de espetáculos. O destaque é Zona Lésbica, montagem carioca que enfrenta estereótipos de gênero para reafirmar o direito ao amor e ao desejo de múltiplos corpos. A peça será apresentada no Teatro Apolo às 19h.

Ainda no último dia, A Mulher Bala e A Menina dos Olhos D’Água retornam com novas sessões, enquanto o solo Noite ocupa o Teatro Hermilo Borba Filho com Sônia Biebard, Fátima Aguiar e Karine Ordônio.

A programação se encerra com a segunda apresentação de Sobre os Ombros de Bárbara, no Teatro de Santa Isabel, reforçando a homenagem às mulheres que transformaram, e continuam transformando, o teatro brasileiro.

Celebração das artes cênicas e fortalecimento da cultura

O 24º Festival Recife do Teatro Nacional reafirma sua relevância como um dos eventos mais importantes do calendário cultural nordestino. Ao reunir espetáculos de diferentes regiões, linguagens e temáticas, o festival não apenas amplia o acesso à arte, mas também fortalece redes criativas, fomenta debates urgentes e valoriza o protagonismo feminino.

A edição deste ano mostra que o teatro segue sendo espaço de resistência, memória e transformação — e que, no Recife, encontra terreno fértil para florescer de forma plural, crítica e diversa.

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