Luto no rock: Ace Frehley, guitarrista fundador do Kiss, morre aos 74 anos
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Conhecido como ‘Space Ace’, músico foi um dos criadores do som e da identidade visual que eternizaram a banda Kiss no cenário mundial
O mundo do rock está de luto. Ace Frehley, lendário guitarrista e membro fundador da banda Kiss, morreu nesta quinta-feira (16), aos 74 anos. A notícia foi confirmada pela revista Rolling Stone, que noticiou o falecimento do músico norte-americano, conhecido como Space Ace, uma das figuras mais icônicas do rock mundial.
Frehley havia cancelado sua turnê solo nos Estados Unidos no início de outubro, alegando problemas de saúde, e a causa da morte ainda não foi divulgada. A notícia chocou fãs e colegas de profissão, que expressaram pesar nas redes sociais pela partida de um dos guitarristas mais influentes da história.
O início de uma lenda
Nascido em Nova York em 1951, Paul Daniel “Ace” Frehley começou a tocar guitarra de forma autodidata, inspirado por bandas como The Beatles e The Rolling Stones. Sua história com o Kiss começou em 1973, quando respondeu a um anúncio de jornal em busca de um guitarrista para uma nova banda.
Em sua biografia Face The Music (2014), o vocalista e guitarrista Paul Stanley relembrou a primeira audição de Frehley com humor: “Ace chegou confuso, usando um tênis All-Star laranja em um pé e vermelho no outro. Tocou antes do outro guitarrista terminar, mas bastou um solo para sabermos que ele era o que faltava.”
Aquela irreverência e talento incomum marcaram o nascimento da formação clássica do Kiss — Paul Stanley, Gene Simmons, Peter Criss e Ace Frehley — um quarteto que redefiniu o conceito de performance no rock mundial.
O homem espacial
Ace não era apenas um guitarrista virtuoso: ele foi o arquitetador da identidade visual do Kiss. Ao lado de Gene Simmons e Paul Stanley, ajudou a criar o logotipo icônico da banda e os personagens mascarados que se tornariam uma das marcas mais reconhecíveis da música.
Sua persona, o “Spaceman” ou “Space Ace”, representava o homem cósmico e enigmático, um reflexo da própria personalidade do músico. Frehley acreditava que seu talento vinha de uma “força alienígena superior” e dizia ser oriundo de um planeta fictício, o Planeta Jendell.
Nos palcos, transformava essa fantasia em espetáculo: fazia sua guitarra soltar fumaça, faíscas e até levitar, em performances que deixaram plateias extasiadas nos anos 1970.
Músico, compositor e criador
Durante os anos de ouro do Kiss, Frehley foi responsável por alguns dos riffs e solos mais marcantes da banda. Ele compôs clássicos como “Cold Gin” e “Rocket Ride”, e foi peça-chave no som pesado e melódico que fez do grupo uma potência mundial.
Entre 1973 e 1982, participou dos principais álbuns da banda e consolidou o Kiss como referência no hard rock e no glam. Após deixar o grupo, seguiu carreira solo com sucesso e retornou para a turnê de reunião do Kiss entre 1996 e 2002, revivendo a formação original para milhões de fãs em todo o mundo.
Um legado que atravessa gerações
O impacto de Ace Frehley no rock transcende o Kiss. Sua técnica, seu timbre e sua atitude inspiraram guitarristas de diferentes gerações. Dimebag Darrell, do Pantera, era um de seus maiores admiradores — o músico chegou a tatuar a imagem do “Spaceman” no peito em homenagem ao ídolo.
Além da influência musical, Ace simbolizou o espírito livre e criativo que sempre acompanhou o rock: um artista imprevisível, genial e genuinamente humano.
A estrela que não se apaga
Mesmo longe dos holofotes nos últimos anos, Frehley mantinha-se ativo na música, com lançamentos solo e participações em eventos e convenções de fãs. Sua última turnê, adiada no início de outubro, marcaria um novo capítulo na carreira de um artista que nunca deixou de criar e experimentar.
“Ele não era apenas um guitarrista — era uma presença, uma energia”, escreveu um fã nas redes sociais, refletindo o sentimento de uma legião que cresceu ao som de solos inconfundíveis e riffs explosivos.
Com sua morte, o rock perde uma de suas figuras mais emblemáticas, mas o legado do Spaceman permanece vivo em cada acorde e em cada palco iluminado.